O Avatar e a educação das crianças

Finalmente apeteceu-me novamente tirar os fones e ouvir uma conversa muuuuuito interessante.
Entraram no Cacém, homem e mulher, amigos... a falar de cinema!

Ele dizia à amiga que tinha ido ver o Avatar com a mulher e a sobrinha de 12 anos, ao que ela respondeu perentoriamente: "o meu filho não vai ver o Avatar"! Mai'nada... quem fala assim não é gaga, pensei eu!
Mas agora interessa perceber o porquê...

Os malandros dos avaliadores dos filmes classificaram-no em Portugal para maiores de 6 anos, enquanto que os Americanos (esse povo tão bom para nós usarmos como desculpa para tudo e mais alguma coisa) o classificaram para maiores de 13 (disse a minha companheira de viagem... eu sinceramente nem sei quais são as categorias). UAU! Sim senhora, os americanos dizem e nós seguimos! Claro que se estivessemos a falar dos americanos classificarem um filme do Manoel de Oliveira para maiores de 60 e só com utilização de botija de oxigénio, aí piava mais fino, aí provavelmente estaría a ouvir esta minha amiga a dizer "os púdicos dos americanos não percebem nada disto... coitadinho do nosso Manelinho"!

Enfim, mas a incoerência não para aqui. O companheiro de viagem alertou a jovem senhora para o facto de terem surgido críticas de médicos acerca da exposição prolongada (recordo que o filme tem quase 3h) para as crianças à tecnologia 3D. E foi aí que a minha amiga voltou à carga, desta vez com novos e fantásticos argumentos. "Pois pois... e depois há o 3D, nem pensar... o meu filho não vai ver o Avatar".

Mais tarde na viagem percebi que o miudo tem 9 anos, mal consegue acompanhar um filme dobrado, quanto mais um legendado... e que tem hábitos em casa muito bons!
Adora ver o CSI! Upa upa... ora aí está uma série com classificação clara para mais de 6 anos! Pouco sangue, poucas mortes, poucos corpos esventrados... uma série muito suave... para meninos! Mas acho que a mãe vai explicando "Aqueles senhores zangaram-se e fizeram uma coisa feia!" (mas o Avatar é que não... valha-nos isso).

Com o entusiasmo, a minha amiga lá deixou escapar ao companheiro de viagem que actualmente só via no cinema filmes de animação... e principalmente os 3D!!!!!! Afinal o 3D é porreiro... "adorei o Planeta 51 e o Bolt em 3D... o meu filho queria era agarrar o cão". Parabéns cara amiga, o prémio coerência educacional e cinematográfica é seu!


A fechar, o melhor exemplo de como educar uma criança: o estímulo financeiro.
"Eles agora querem fazer tudo o que os amigos fazem. No outro dia chegou a casa e disse, os meus amigos têm todos uma PS3 por isso eu também quero, ao que respondi, mas a tua mãe sou eu e por isso tu não vais ter". Ora aí está a justificação que nenhum adulto gosta de receber mas todos acabam por dar aos filhos... mai'nada! Mas o grave veio depois, "só se a comprares com o teu dinheiro". Fiquei a saber que aquela criança de 9 anos recebia uma semanada de 1 EURO (loucura total) e que podia juntar dinheiro durante aproximadamente 300 semanas para comprar a sua PS3... boa! A criança, que não é estúpida, tal como qualquer adulto, começou a pensar em formas de agilizar a entrada de capital, e acordou com a mãe receber mais um euro por dia se fizesse sempre a cama! Espectáculo de formação... estamos perante um daqueles casos que no futuro só faz alguma coisa se lhe pagarem para isso... e lá se vai a solidariedade e acção social...

Enfim!

1 comentário:

  1. A propósito deste tema da educação, também vejo algumas coisas por aí, e não só nos comboios...

    Por exemplo hoje, um pequeno pormenor, mas que se calhar para uma criança pode ter um significado maior do que imaginamos...estava eu a subir as escadas rolantes da estação de Alverca e à minha frente seguia mãe e filho. Quando saem, logo ali há uma papelaria e como tal, jornais e revistas à porta que atraem sempre os mais pequenos. O pequeno jovem queria ver qualquer coisa ou pedir qualquer coisa, não percebi ao certo, e a resposta da mãe foi "a mãe agora não pode porque está a fumar!".

    Pergunto-me até que ponto estas atitudes não podem influênciar o pequeno jovem, afinal neste caso, a mãe deu mais atenção ao cigarro do que a ele próprio...se calhar o cigarro é bem mais importante que uma pessoa... who knows...

    (é o meu contributo para as aventuras de comboio...e se me lembrar, virei aqui partilhar mais algumas que estejam relacionadas com os teus próximos tópicos!)

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